Imagens, cópias da realidade ou elementos construtores da realidade?
Se me fosse pedida uma definição de imagem antes de ler a informação desta disciplina, diria que imagem é uma representação, uma figura, uma estampa, um retrato, uma reprodução ou uma cópia de algo.
Após a leitura da informação, cheguei à conclusão que esta palavra é muito mais complexa do que parece.
O homem primitivo começou a usá-la para registar as suas experiências, pois tinha necessidade de se expressar. Actualmente, o homem continua a ter essa mesma necessidade, continuando a recorrer às imagens para transmitir as suas mensagens.
Todos nós conhecemos a velha máxima uma imagem vale mais que mil palavras.
E porquê?
Eu diria que, a imagem consegue passar uma mensagem mais abrangente do que a escrita, podendo cada um interpreta-la consoante a representação mental que esta lhe transmite.
Tomamos a famosa tela de Picasso, Guernica, como exemplo.
" GUERNICA " óleo sobre tela de Pablo Picasso, 1937. Pintado para o pavilhão da República Espanhola, Exposição Internacional de Paris. Exposta no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, Madrid.
A cidade de Guernica, a mais antiga cidade das províncias bascas, foi a fonte de inspiração de Picasso, em 26 de Abril de 1937 sofreu um ataque aéreo por parte dos alemães, comandados pelo General Franco. A tela representa uma visão profética da desgraça de uma experiência de guerra.
Qualquer um, ao olhar a tela, se aperceberá do sofrimento, da desarmonia que existe nas imagens que a constituem, podendo as suas interpretações ir ao encontro ou não do que se pretende transmitir. Não é o facto histórico em si, ou a sua representação que perdura, mas sim a eternidade intemporal do sofrimento que este pretende transmitir.
Simbolismo das imagens da tela
Vamos desfragmentar esta tela para melhor percebermos alguns dos seus simbolismos.
Assim:
- o braço cortado com a espada na mão representa a resistência heróica;
- a flor representa a esperança, uma fragilidade que aumenta o horror da cena caótica da tela;
- O touro representaria a brutalidade, apresentando, no entanto, alguma ambiguidade, pois está a abanar o rabo, o que o torna pouco selvagem;
- a mãe com a criança morta no colo representa a angústia, a dor de perder um filho;
- o cavalo presente no centro da tela representa o povo;
- o candeeiro eléctrico representa o olho de Deus que tudo vê.
O simbolismo que cada um tira ao olhar esta obra de arte é subjectivo, depende das interpretações que faz do objecto de observado. Procuramos sempre o sentido das coisas, Picasso afirma que:
“Queremos sempre encontrar um ‘sentido’ em tudo e em todos. É isto uma doença do nosso tempo, tão pouco prático, e que no entanto crê sê-lo mais do que qualquer outra época.”